Cineastas brasileiros voltam a marcar presença no Festival de Cannes
NOTÍCIA Para competição oficial, paralela e hors-concours, 76ª edição de Cannes resgata brasileiros veteranos
Na manhã desta quinta-feira, o diretor geral do Festival de Cannes Thierry Fremaux anunciou a primeira leva de filmes que vão compor a 76ª edição do evento francês. Dentre eles, pelo menos quatro brasileiros surgem à vista, mas nenhum deles novato. “A Flor do Buriti”, de João Salaviza e Renée Nader Messora, competirá na sessão Un Certain Regard, mostra que também premiou a dupla em 2018, quando receberam o prêmio especial do júri com “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”.
O filme atravessa os últimos 80 anos dos Krahô, trazendo para a tela um massacre ocorrido em 1940 onde morreram dezenas de pessoas. Perpetrado por dois fazendeiros da região, as violências praticadas naquele momento continuam a ecoar na memória das novas gerações. O filme foi rodado durante quinze meses em quatro aldeias diferentes, dentro da Terra Indígena Kraholândia. Ainda sem data de estreia, será distribuído no Brasil pela Embaúba Filmes.
O diretor brasileiro Karim Aïnouz (Céu de Suely, Madame Satã) fará sua estreia na Competição Oficial do festival com a produção britânica “Firebrand”, protagonizado por Jude Law e Alicia Vikander. Em 2019, o cineasta venceu o prêmio máximo da Un Certain Regard com o melodrama brasileiro "A Vida Invisível", indicado do Brasil a tentar uma vaga no Oscar 2020 de Melhor Filme Internacional. Em 2021, também marcou presença com exibição fora de competição de "Marinheiro das Montanhas", documentário auto-biográfico que também ganhou uma exibição no encerramento do 31º Cine Ceará.
O documentário “Retratos Fantasmas”, quinto longa-metragem do cineasta e roteirista Kleber Mendonça Filho terá sua estreia mundial fora de competição. O filme é fruto de sete anos de trabalho e pesquisa, filmagens e montagem. Este é o terceiro filme do diretor na Seleção Oficial de Cannes, depois de “Aquarius”, em 2016, e “Bacurau”, codirigido por Juliano Dornelles, em 2019, quando ganhou o Prêmio do Júri. O filme tem o centro da cidade do Recife como personagem principal, sendo um espaço histórico e humano, revisitado através dos grandes cinemas que serviram como espaços de convívio durante o século XX. Foram lugares de sonho e de indústria, e a relação das pessoas com esse universo é um marcador de tempo para as mudanças dos costumes em sociedade.
Cerca de 60% do documentário é composto por material de arquivo, com fotografias e imagens em movimento encontradas em acervos pessoais, na produção pernambucana de cinema, de televisão e de instituições como a Cinemateca Brasileira, o Centro Técnico Audiovisual (CTAV) e a Fundação Joaquim Nabuco. Será lançado nos cinemas brasileiros no segundo semestre deste ano pela Vitrine Filmes.
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