Espero Tua (Re)Volta: cinema enquanto o mundo muda
A energia, a vontade e a cruel esperança de mudar o mundo. Está tudo nos minutos intensos dessa história guiada por Eliza Capai
Numa coletiva durante o Fórum de Davos, um jornalista pergunta à ativista Greta Thumberg por que ela acha que seu manifesto será realmente ouvido, ao que ela responde: "Porque sou uma criança. E uma criança falando faz os adultos se sentirem mais culpados. Eu não quero que você seja esperançoso. Eu quero que você entre em pânico. Eu quero que você sinta o medo que sinto todos os dias. E então eu quero que você aja. Precisamos agir como se a nossa casa estivesse em chamas, pois ela está".
Mudando a perspectiva da pauta e do contexto sócio-político, a mensagem é emocionalmente semelhante aqui neste documentário sobre a revolta política (e física) das escolas públicas de São Paulo para garantir direitos básicos de educação. E a surpresa mais bonita dessa história é que Eliza Capai torna essa narração divertida com a dramatização do relato diante das imagens reais. E, sinceramente, agora não penso outra forma melhor de apresentar a organização do Movimento Estudantil no Brasil, do qual fiz parte por pelo menos dois anos. Por ter vivido de muito perto, identifico com rapidez os itens que entregam verossimilhança à esse impulso: a energia, a vontade e a cruel esperança de mudar o mundo.
A juventude, de fato, mudando a realidade. Está tudo nos minutos intensos de Espero Tua (Re)volta ao dividir de maneira curiosa a cronologia das revoltas de 2013 a 2018. Um filme que, apesar da emoção, não desconsidera a vulnerabilidade e as contradições. Documenta de forma calorosa os abismos nunca superados do Brasil e as profundas transformações políticas por qual passou nesta década amarga.
★★★★
Direção: Eliza Capai
País: Brasil (SP)
Ano: 2019
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